quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

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Em 1936, a Espanha estava politicamente dividida em dois campos: A Frente Nacionalista e a Frente Republicana. A Frente Nacionalista era um partido conservador, com ideias nacionalistas e fascistas, ao passo que a Frente Popular pertencia ao partido Republicano, com ideais socialistas, comunistas e anarquistas. Devido à oposição entre os dois lados, o monumental conflito deixou um rastro de sangue da matança entre espanhóis e tornou-se a precursora da Segunda Guerra Mundial.
O conflito começou em 1936 com a vitória da Frente Popular nas eleições. A Frente Nacionalista acreditava que a Frente Popular estava tentando iniciar uma revolução comunista. A Frente Popular temia um golpe de estado da Frente Nacionalista. Os temores da Frente Nacionalista foram redobrados em virtude da participação de anarquistas da Frente Popular. Em geral eles eram mais contidos, mas dessa vez resolveram apoiar a Frente Popular porque o partido havia prometido libertar todos os seus presos políticos.

 Map of SpainA Frente Popular tomou o controle do novo governo, mas suas ações eram duvidosas. Devido à dissensão reinante entre a maioria – que incluía diferentes ideologias: republicanos, socialistas, comunistas e anarquistas – as reformas prometidas demoravam a ser implementadas. De repente, o povo resolveu começar a implementar as reformas por suas próprias mãos: a coletivização das terras e fábricas, às vezes por meio de violência. Os líderes comunitários e os industriais, que não tinham nenhuma confiança na determinação da Frente Popular para manter a ordem, estavam amedrontados. Milícias trabalhistas e nacionalistas competiam. O caos se instalava no país.
O assassinato do deputado e líder da direita monarquista, José Calvo Sotelo, por milícias republicanas, provocou o início da guerra civil, em 13 de julho de 1936. O golpe de estado aconteceu em 17 de julho de 1936, quando Franco, general do exército, tomou o controle do exército espanhol em Marrocos. O governo tentou uma reconciliação e propôs um acordo, mas não foi bem sucedido porque nem o lado republicano nem o nacionalista queriam ceder.
Algumas regiões rapidamente caíram em mãos nacionalistas comandadas por Franco: Navarra, Castilha, Galícia, partes da Andalucía e Aragon. Madri, Valencia e Barcelona permaneceram em mãos republicanas. Após uma semana, a Espanha estava dividida em duas áreas iguais: uma em mãos nacionalistas, a outra sob controle republicano. Os Republicanos mantiveram controle das regiões mais ricas e industrializadas.
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A guerra civil tornou-se um dos primeiros frutos do que seria a Segunda Guerra Mundial: o exército nacionalista era apoiado por dois países poderosos, a Alemanha e a Itália; eles forneciam armas aos Nacionalistas. Já os Republicanos receberam o apoio da União Soviética. A ajuda da Alemanha e da Itália permitiu que as tropas de Franco passassem o Estreito de Gibraltar em 5 de agosto para se juntar ao resto do exército. Eles avançaram para o norte. Os Republicanos contra-atacaram formando colunas que avançavam em territórios nacionalistas: a mais famosa delas foi a “Coluna Durruti”, composta por soldados e anarquistas liderados pelo General Durruti (Episódio 1: A Batalha de Badajoz).
Franco chegou aos portões de Madri, mas preferiu desviar suas tropas para o sul para ajudar insurgentes em Alcazar (Episódio 2: A Batalha de Toledo). Quando ele retornou aos portões de Madri em novembro de 1936, os Republicanos tiveram tempo de organizar suas defesas (Episódio 3: A Batalha de Madri I - Episódio 4: A Batalha de Madri II). A luta foi acirrada, mas a cidade estava bem protegida e em março de 1937, Franco teve que admitir que havia falhado.
  Ele não sabia lidar com o fracasso, então decidiu derrubar a resistência republicana no País Basco e nas Astúrias. A luta prosseguiu para a região de Santander, que caiu em 26 de agosto. As Astúrias capitularam em 17 de outubro, tornando as forças nacionalistas as líderes de toda a costa Atlântica (Episódios 5-9). 
Dentre as contra-ofensivas das tropas republicanas, duas foram memoráveis. A primeira foi na cidade de Teruel, que foi responsável por uma das mais acirradas lutas de toda a Guerra Civil. Nela, os republicanos tomaram a cidade das mãos dos nacionalistas nos primeiros dias de 1937, mas perderam o controle em menos de um mês (Episódio 10: A Batalha de Teruel). A outra foi a batalha de Ebro, que começou em 25 de julho de 1938, mas que também foi uma campanha fracassada (Episódios 11 e 12: A Batalha de Ebro).
Por isso, a Catalunha foi facilmente conquistada pelos Nacionalistas em fevereiro de 1939 (Episódio 13: A Batalha de Catalunha). Pouco tempo depois, Madri também foi conquistada pelos Nacionalistas (Episódio 14: A Queda de Madri). Em 1º de abril de 1939, Franco declara o fim da guerra.
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POETAS E POESIAS NA GUERRA CIVIL ESPANHOLA: A DIALÉTICA ENTRE A ARTE E A GUERRA (1936 A 1939).



A Espanha saiu desta triste guerra praticamente destruída; no entanto, o povo espanhol e mais milhares de pessoas ao redor do mundo estavam lá para lutar por uma causa: a sua liberdade. O presente trabalho trata, pois, da importância da cultura durante os tempos da República Popular na Espanha e, por extensão, da indiscutível importância da poesia como ―cultura em arma‖. Chamada assim por ter um papel importante durante a guerra, serve-se, por sua vez, de apoio aos soldados, sendo difundidas através do engajamento dos artistas em defesa da República. Esta utilidade pública da poesia se baseava, portanto, na força, na ternura, na alegria e na essência verdadeira. Os poetas queriam fazer da poesia uma arma de luta do povo e, ao mesmo tempo, de lenço para secar o suor das suas grandes dores. Dessa maneira, será analisada a importância das poesias, mas como foco principal, aquelas que serviram como ―guerrilha poética‖. Desta forma, escolheu-se o período em que o governo popular Republicano, legalmente constituído no país, foi instaurado. Entretanto, logo foi ameaçado pelas forças do general Francisco Franco, iniciando, então, a Guerra Civil Espanhola. Tal guerra estendeu-se por 3 anos (1936 a 1939), que levou, ao final, Franco ao poder. Para responder ao questionamento acima apresentado, a presente pesquisa parte da hipótese de que devido à campanha de alfabetização, que ocorreu com a instauração da República, o povo toma consciência de que a poesia poderia ser um aliado fundamental no combate aos seus opositores — os fascistas. A poesia era fonte de inspiração e esperança dos soldados. Além disso, a Guerra Civil Espanhola exerceu um magnetismo nos poetas da época, e tais escritores passaram a ser os intérpretes dos sentimentos coletivos: o amor ao povo e o amor à Espanha eram as grandes fontes de inspiração para os poetas. 



Pablo Picasso
O artista espanhol Pablo Picasso (25/10/1881-8/4/1973) destacou-se em diversas áreas das artes plásticas: pintura, escultura, artes gráficas e cerâmica. Picasso
é considerado um dos mais importantes artistas plásticos do século XX.Nasceu na cidade espanhola de Málaga. Fez seus estudos na cidade de Barcelona, porém trabalhou, principalmente na França. Seu talento para o desenho e artes plásticas foi observado desde sua infância.Suas obras podem ser divididas em várias fases, de acordo com a valorização de certas cores. A fase Azul (1901-1904) foi o período onde predominou os tons de azul. Nesta fase, o artista dá uma atenção toda especial aos elementos marginalizados pela sociedade. Na Fase Rosa (1905-1907), predomina as cores rosa e vermelho, e suas obras ganham uma conotação lírica. Recebe influência do artista Cézanne e desenvolve o estilo artístico conhecido como cubismo. O marco inicial deste período é a obra Les Demoiselles d’Avignon (1907) , cuja característica principal é a decomposição da realidade humana.Em 1937, no auge da Guerra Civil Espanhola ( 1936-1939), pinta seu mural mais conhecido: Guernica. Esta obra já pertence ao expressionismo e mostra a violência e o massacre sofridos pela população da cidade de Guernica.
Na década de 1940, volta ao passado e pinta diversos quadros retomando as temáticas do início de sua carreira. Neste período, passa a dedicar-se a outras áreas das artes plásticas: escultura, gravação e cerâmica. Já na década de 1960, começa a pintar obras de artes de outros artistas famosos: O Almoço Sobre a Relva de Manet e As Meninas do artista plástico Velázquez, são exemplos deste período.Já com 87 anos, Picasso realiza diversas gravuras, retomando momentos da juventude.Nesta última fase de sua vida, aborda as seguintes temáticas: a alegria do circo, o teatro, as tradicionais touradas e muitas passagens marcadas pelo erotismo. Morreu em 1973 numa região perto de Cannes, na França.
GUERNICA



Guernica é um painel pintado por Pablo Picasso em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris. Foi exposto no pavilhão da República Espanhola. Medindo 350 por 782 cm, esta tela pintada a óleo é normalmente tratada como representativa do bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco. Actualmente está no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

Frases de Picasso
“Paul Cézenne é o pai de todos nós”.
“Não se pode criar nada sem a solidão”.
“Não se consegue convencer um rato de que um gato pode trazer boa
sorte”.
“A inspiração existe, porém temos que encontrá-la trabalhando.”
“A qualidade de um pintor depende da quantidade de passado que traz
consigo.”
Federico Garcia Lorca
Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 — Granada, 19 de agosto de 1936)foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Biografia
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transfere-se para Madri, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos se baseiam em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928)
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.
Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas idéias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.
Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria “mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver”.
Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. A caneta se calava, mas a Poesia nascia para a eternidade – e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta… foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.
Exílio na morte
Casa de Lorca em Fuente Vaqueros.Assim como muitos artistas – e a obra Guernica, de Pablo Picasso -, durante o longo regime ditatorial do Generalíssimo Franco, suas obras foram consideradas clandestinas na Espanha.
Com o fim do regime, e a volta do país à democracia, finalmente sua terra natal veio a render-lhe homenagens, sendo hoje considerado o maior autor espanhol desde Miguel de Cervantes
Lorca tornou-se o mais notável numa constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como “geração de 27″, alinhando-se entre os maiores poetas do século XX. Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.
Bibliografia
Em sua curta existência, García Lorca deixou importantes obras-primas da literatura, muitas delas publicadas postumamente, dentre as quais:
Poesia
Livro de Poemas – 1921
Ode a Salvador Dalí – 1926.
Canciones (1921-24) – 1927.
Romancero gitano (1924-27) – 1928.
Poema del cante jondo (1921-22) – 1931.
Ode a Walt Whitman – 1933.
Canto a Ignacio Sánchez Mejías – 1935.
Seis poemas galegos – 1935.
Primeiras canções (1922) – 1936.
Poeta em Nueva York (1929-30) – 1940.
Divã do Tamarit – 1940.
Sonetos del Amor Oscuro – 1936
Prosa
Impressões e Paisagens – 1918
Desenhos (publicados em Madri) – 1949
Cartas aos Amigos – 1950
Teatro
Assim que passarem cinco anos – Lenda do tempo – 1931.
Retábulo de Don Cristóvão e D.Rosita – 1931.
Amores de Dom Perlimplim e Belisa em seu jardim” – 1926.
Mariana Piñeda – 1925.
Dona Rosinha, a solteira – 1927.
Bodas de Sangue (Trilogia) – 1933.
Yerma (Trilogia) – 1934.
A Casa de Bernarda Alba (Trilogia) – 1936.
Quimera – 1930. El Publico – 1936
Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril de 1886, em Recife, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1903 a família se mudou para São Paulo onde Bandeira se matriculou na Escola Politécnica. Começa ainda a trabalhar nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual seu pai era funcionário. No ano seguinte abandonou a faculdade por ter contraído tuberculose. Passou doente toda vida, apesar das várias estadas em clínicas brasileiras e até na Suíça.Escreveu seus primeiros versos livres em 1912. Em 1917 publicou seu primeiro livro, “A cinza das horas”, numa edição de 200 exemplares custeada pelo autor, e foi com o seu segundo livro, “Carnaval” que despertou o entusiasmo entre os modernistas paulistas.
Em 1940 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e em 1943 foi nomeado professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia. A pedido de amigos, apenas para compor a chapa, candidatou-se a deputado pelo Partido Socialista Brasileiro, em 1950, sabendo que não teria quaisquer chances de eleger-se. Comemorou 80 anos,em 1966, recebendo muitas homenagens. A Editora José Olympio realizou em sua sede uma festa de que participaram mais de mil pessoas e na qual foi lançado Estrela da Vida Inteira, sua antologia de poemas. Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de outubro de 1968.

Manuel Bandeira – Verso a Frederico Garcia Lorca
Verso a Frederico Garcia Lorca
Sobre teu corpo, que há dez anos
se vem transfundindo em cravos
de rubra cor espanhola,
aqui estou para depositar
vergonha e lágrimas.
Vergonha de há tanto tempo
viveres — se morte é vida —
sob chão onde esporas tinem
e calcam a mais fina grama
e o pensamento mais fino
de amor, de justiça e paz.
Lágrimas de noturno orvalho,
não de mágoa desiludida,
lágrimas que tão-só destilam
desejo e ânsia e certeza
de que o dia amanhecerá.
(Amanhecerá.)
Esse claro dia espanhol,
composto na treva de hoje
sobre teu túmulo há de abrir-se,
mostrando gloriosamente
— ao canto multiplicado
de guitarra, gitano e galo —
que para sempre viverão
os poetas martirizados.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira (MG), 1902 e faleceu no Rio de Janeiro em 1987. Realizou os primeiros estudos em Itabira, Belo Horizonte e Nova Friburgo, formando-se em farmácia, em 1925. Sem interesse pela profissão de farmacêutico, lecionou Geografia e português, dedicando-se também ao jornalismo, atividade que encerrou em 1985. Em 1928, ingressou no funcionarismo público, tendo exercido, entre outros cargos, a chefia de gabinete do ministro da Educação Gustavo Capanema. Apesar de inúmeros convites, nunca se candidatou a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Morreu no Rio de Janeiro, Onde residia desde 1933.
Obras
Poesia: Alguma poesia (1930); Brejo das almas (1934); Sentimento do mundo (1940); Poesias (1942); A rosa do povo (1945); Viola de bolso (1952); Fazendeiro do ar e poesia até agora (1953); Viola de bolso novamente encordoada (1955); Poemas (1959); A vida passada a limpo (1959); Lição de coisas (1962); Versiprosa (1967); Boitempo (1968); Menino antigo (1973); As impurezas do branco (1973); Discurso de primavera e algumas sombras (1978); A paixão medida (1980); Corpo (1984).
Prosa: Confissões de Minas (1944); Contos de aprendiz (1951); Passeios na ilha (1952); Fala, amendoeira (1957); A bolsa e a vida (1962); Cadeira de balanço (1966); Caminhos de João Brandão (1970); O poder ultrajovem (1972); De notícias & não-notícias faz-se a crônica (1974); 70 historinhas (1978); Boca de luar (1984).
Características da Obra
Drummond é sem dúvida, o maior poeta brasileiro contemporâneo. Sua estréia deu-se em 1930, com Alguma poesia. De maneira geral, os poemas desse livro procuram retratar a vida à sua volta. O poeta, livre de preconceitos literários anteriores, procura “trabalhar a realidade com as mãos puras”; fala-nos de cenas do cotidiano, de paisagens, de lembranças, fotografando a realidade, retratando a “vida besta”.Por outro lado, o poeta manifesta o seu pessimismo e a sua personalidade reservada, tímida, desconfiada, de um poeta que nasceu “para ser um gauche na vida”; outras vezes, deixa transparecer uma fina ironia e humor, utilizando-se também do poema-piada, herança dos modernistas da primeira fase. Em Brejo das almas (1934), o poeta evolui, abandonando o descritivismo, e acentua o humor de seus versos. Drummond interioriza-se, manifestando um sentimento de decepção e amargura, de falta de sentimento da existência ou de solução para o destino. Além disso, acentua a temática amorosa, num lirismo contido por vezes irônico.
Relação de Drummond e a Guerra civil Espanhola
Drummond fez umas traduções de poemas espanhóis em plena Ditadura Vargas. Ou seja, ele estava falando da Espanha, mas também estava falando do Brasil.Carlos Drummond de Andrade arrisca poemas narrativos e participativos, como na sua fase mais vermelha, de A ROSA DO POVO. De repente, algo da ROSA DO POVO vem dessas traduções da poesia espanhola da guerra civil.

Carlos Drummond de Andrade – Notícias de Espanha
Notícias de Espanha
Aos navios que regressam
marcados de negra viagem,
aos homens que neles voltam
com cicatrizes no corpo
ou de corpo mutilado,
peço notícias de Espanha.
Às caixas de ferro e vidro,
às ricas mercadorias,
ao cheiro de mofo e peixe,
às pranchas sempre varridas
de uma água sempre irritada,
peço notícias de Espanha.
Às gaivotas que deixaram
pelo ar um risco de gula,
ao sal e ao rumor das conchas,
à espuma fervendo fria,
aos mil objetos do mar,
peço notícias de Espanha.
Ninguém as dá. O silêncio
sobe mil braças e fecha-se
entre as substâncias mais duras.
Hirto silêncio de muro,
de pano abafando boca,
de pedra esmagando ramos,
é seco e sujo silêncio
em que se escuta vazar
como no fundo da mina
um caldo grosso e vermelho.
Não há notícias de Espanha.
Ah, se eu tivesse navio!
Ah, se eu soubesse voar!
Mas tenho apenas meu canto,
e que vale um canto? O poeta,
imóvel dentro do verso,
cansado de vã pergunta,
farto de contemplação,
quisera fazer do poema
não uma flor: uma bomba
e com essa bomba romper
o muro que envolve Espanha.
Salvador Dalí foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. Os quadros de Dalí chamam a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, como nos sonhos, com excelente qualidade plástica.Dalí foi influenciado pelos mestres da Renascença e foi um artista com grande talento e imaginação. Era conhecido por fazer coisas extravagantes para chamar a atenção, o que por vezes incomodava os seus críticos.Salvador Felipe Jacinto Dalí nasceu em Figueras, Catalunha, na Espanha, em 11 de maio de 1904. Na capital espanhola conheceu o cineasta Luis Buñuel e o poeta Federico GarcíaLorca.Em 1922, Dalí foi viver em Madri, onde estudou na Academia de Artes de San Fernando. Dalí foi expulso da Academia de Artes em 1926, depois de declarar que ninguém ali era suficientemente competente para avaliá-lo. Foi nesse mesmo ano que Dalí fez sua primeira viagem a Paris, onde se encontrou com Pablo Picasso.
Ainda em 1929, Dalí fez exposições importantes e juntou-se ao grupo surrealista no bairro parisiense de Montparnasse. Em 1934 Dalí e Gala, que já viviam juntos, casaram-se numa cerimônia civil.
Em 1939 os membros do grupo surrealista expulsaram Dalí por motivos políticos, já que o marxismo era a doutrina preferida no movimento e Dalí se declarava “anarco-monárquico”.Depois da II Guerra Mundial , Dalí e Gala mudaram-se para os Estados Unidos,onde viveram durande 8 anos.Em 1969 ,Dalí começou a trabalhar no Teatro-Museu Gala Savador Dalí em Figueres. Foi inaugurado em 1974.O casal teve uma filha chamada Cecile EluardBoaretto.Gala morreu 1982. Dalí ficou profundamente triste e desorientado, perdendo a vontade de viver.Morreu de pneumonia em 1989 e foi enterrado no Museu perto das casas de banho.
Canibalismo de Outono – 1936
Canibalismo de Outono é a resposta de Dalí ao início da Guerra Civil Espanhola: um quadro em que um homem e uma mulher trincham as carnes um do outro. Os canibais não estão lutando, mas se abraçando e beijando; as formigas (em Dalí, símbolo da decadência) estão atrás, e a gaveta aberta de penteadeira (outra imagem comum em Dalí) sugere a presença de uma mente inconsciente, uma caixa de Pandora de desejos e impulsos inaceitáveis. (Nathaniel Harris em Vida e Obra de Dalí)
Premonição da Guerra Cívil Espanhola
Premonição da Guerra Civil Espanhola
O quadro Premonição da Guerra civil, de Salvador Dalí, é utilizado como meio para mostrar os dois pólos da Guerra , de satisfação total e de mutilação, destruição absoluta.
Dalí era publicamente contra a guerra, achava-a desnecessária e terrível, e utilizou esta pintura como meio para demonstrar isso. A guerra era, segundo ele, o resultado de diferenças entre homens com ambições assustadoramente bestiais, desmedidas. “A premonição da guerra civil”, de Dalí, baseia-se em dolorosos pensamentos de saudade, de morte, de consciência que a vida.
O pequeno homem á esquerda, parado sobre a pesada mão. Este simboliza Anneke e Nikki van Lugo, amigos de infância de Dalí, que tiveram um importante papel na formação da personalidade do pequeno Salvador.
Os feijões cozidos podem significar as antigas oferendas catalãs aos deuses. Podem também significar a fome, a ausência de alimento durante a guerra civil espanhola. Provocando assim um significado ainda mais profundo acerca da morte e da vida
Flávio de Carvalho
Flávio Resende de Carvalho nasceu no dia 10 de agosto de 1899 na cidade de Amparo da Barra Mansa, Rio de Janeiro, filho de Raul e Ofélia de Carvalho. Mudou-se para São Paulo com a família em 1900, começou seus estudos na Escola americana, na rua Itambé em 1908 e logo em 1911 vai para Paris como aluno interno do Lycée Janson de Sailly.
No ano de 1934 participa do I Salão Paulista de Belas Artes, com 5 telas, três aquarelas, cinco desenhos e uma obra de arte aplicada, no mesmo ano fez sua 1ª exposição individual, a mostra foi fechada pela polícia e reaberta por ordem judicial, 15 dias depois.
No ano de 1937 participa do I Salão de Maio com três óleos, duas aquarelas e dois desenhos, nos próximos dois anos também participou do Salão de Maio.
Em 1956, realiza em São Paulo o evento Experiência Nº 3, que consiste numa passeata no Viaduto do Chá, em que o artista veste saiote e blusa de mangas curtas e folgadas, conjunto denominado Traje Tropical. Em 1968, realiza o Monumento a García Lorca, destruído por um grupo armado em 1969. O monumento foi reerguido e encontra-se na Praça das Guianas, em São Paulo.O artista Flávio de Carvalho veio a falecer em 4 de junho de 1973 e O Bailado do Deus Morto, programado para o dia 23 de junho, não chega a estrear
Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles, advogada, contista e romancista, nasceu em São Paulo, SP, em 19 de abril de 1923. Eleita em 24 de outubrode1985 para a Cadeira n. 16, sucedendo a Pedro Calmon, foi recebida em 12 de maio de 1987, pelo acadêmico Eduardo Portella.
Começou a escrever contos ainda adolescente. Estava na Faculdade quando seu livro Praia viva foi publicado em 1944. Em 1949, seu volume de contos O cacto vermelho recebeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras. Mais tarde, porém, a autora rejeitou seus primeiros escritos, por considerá-los imaturos e precipitados.
Pela sua obra literária recebeu diversos prêmios: Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras (1949); Prêmio do Instituto Nacional do Livro (1958); Prêmio Boa Leitura (1964); Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (1965); Prêmio do I Concurso Nacional de Contos do Governo do Paraná (1968); Prêmio Guimarães Rosa da Fundepar (1972); Prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras (1973); Prêmio Ficção, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1974 e 1980); Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (1974); Prêmio do Pen Clube do Brasil (1977); Prêmio II Bienal Nestlé de Literatura Brasileira Contos (1984), e Prêmio Pedro Nava, o Melhor Livro do Ano (1989).
Obras
Ciranda de pedra, romance (1954); Histórias do desencontro, contos (1958); Verão no aquário, romance (1963); Histórias escolhidas, contos (1964); O jardim selvagem, contos (1965); Antes do baile verde, contos (1970); Seminário dos ratos, contos (1977); Filhos pródigos, contos (1978); A disciplina do amor, fragmentos (1980); Mistérios, contos (1981); As horas nuas, romance (1989); A estrutura da bolha de sabão, contos (1991); A noite escura e mais eu, contos (1995). De sua obra foi publicada a Seleta, organização, prefácio e notas da professora Nelly Novaes Coelho (1971) e Os melhores contos de Lygia Fagundes Telles, seleção e prefácio de Eduardo Portella (1984); Oito contos de amor (1996).

Obras de arte sobre a Guerra Civil Espanhola



Guerra Civil Espanhola atraiu artistas e intelectuais de todo o mundo

Como nenhum outro conflito, a Guerra Civil Espanhola despertou a solidariedade de artistas e intelectuais em todo o mundo. A partir dela, surgiram obras imortais de George Orwell, Pablo Picasso e Ernest Hemingway.
Hemingway (d.) conversa com miliciano americano durante Guerra Civil Espanhola
Há 70 anos, em 1° de abril de 1939, terminava a Guerra Civil Espanhola com a vitória das forças franquistas sobre os últimos bastiões republicanos. Nesse cenário, França e Inglaterra adotaram uma política de não-intervenção, a antiga União Soviética procurava apoiar comunistas republicanos e enfraquecer anarquistas revolucionários, enquanto Hitler e Mussolini não escondiam seu apoio a Franco.
Para combater os franquistas, por outro lado, dezenas de milhares de voluntários provenientes de mais de 50 países lutaram ao lado de diversos grupos, entre outros, das assim chamadas Brigadas Internacionais, formadas principalmente por voluntários franceses, alemães e norte-americanos. Como nenhum outro conflito bélico, a guerra que começara em julho de 1936 conseguiu atrair também o interesse e o engajamento de artistas e intelectuais espanhóis e de todo o mundo.
Antes de ser finalizada por Franco em 1939, a Segunda República Espanhola havia declarado a educação como a principal função do Estado. Mesmo durante a guerra, entidades universitárias como a Cultura Popular ocupavam-se de missões pedagógicas na frente de batalha. Destacado artista e professor durante o governo republicano, o pintor espanhol José Manaut, por exemplo, estava entre os que distribuíam livros ou encenavam peças de teatro para a formação cultural dos defensores da causa republicana.
Assim, a Guerra Civil Espanhola não serviu somente de laboratório para os aviões e a munição de Hitler, mas também para jornalistas, artistas e escritores espanhóis e estrangeiros. Pelo lado dos republicanos, o quadro Guernica (1937) do pintor espanhol Pablo Picasso e o romance Por quem os sinos dobram (1940) do escritor norte-americano Ernest Hemingway, estão entre as obras que retratam esse período.
Atração da guerra para intelectuais e artistas de esquerda
George Orwell lutou junto a republicanos
Enquanto nos Estados Unidos, no começo do século 20, intelectuais e artistas estavam enfadados com o marasmo da cultura local, o espírito revolucionário tomou conta dos intelectuais latino-americanos. Nos EUA, muitos da assim chamada Geração Perdida procuraram refúgio na Europa após a Primeira Guerra Mundial,.
No México, o poeta mexicano Octavio Paz explicou que a leitura de textos de André Gide, André Malraux, Marx e Nietzsche criara uma atmosfera de efervescência em sua geração e que muitos ingressaram no Partido Comunista.
"O certo é que minha geração estava tocada pela violência. Não éramos muito tolerantes nem acreditávamos muito na democracia. Sentíamo-nos atraídos pelos extremos", explicou Paz, que tentou participar das Brigadas Internacionais, mas foi dissuadido pelos republicanos a fazer trabalho de propaganda no México.
Em 1937, Octavio Paz esteve na Espanha para participar de um congresso de escritores antifascistas a convite do também poeta Pablo Neruda, que perdera seu posto de cônsul do Chile em Madri ao aderir à causa republicana e passara a organizar, a partir de Paris, o Grupo Hispano-Americano de Ajuda à Espanha.
Escrevendo, fotografando, pegando em armas
É grande a lista de personalidades internacionais que vivenciaram de perto o conflito na Península Ibérica. Como correspondentes de guerra, por ali passaram, entre outros, o antigo premiê alemão Willy Brandt, os fotógrafos Robert Capa e Gerda Taro, os escritores norte-americanos Ernest Hemingway, John dos Passos e Dorothy Parker. Erika e Klaus Mann, filhos do escritor alemão Thomas Mann, também ali estiveram como jornalistas.
Entre os que pegaram em armas, estavam o escritor francês André Malraux, posterior ministro da Cultura da França, que participou ativamente em missões aéreas de reconhecimento e ataque, o autor britânico George Orwell, como integrante das milícias do Partido Operário de Unificação Marxista (Poum) da Catalunha, e a filósofa francesa Simone Weil, que lutou junto a milicianos de seu país.
Painel 'Guernica' de Picasso retrata destruição de cidade basca por nazistas
Por quem os sinos dobram
Os oito meses de experiência jornalística de Hemingway na Espanha, entre 1937 e 1938, renderam sua única peça teatral, Quinta-Coluna (1938), e Por quem os sinos dobram(1940), um dos seus mais célebres romances, que conta a história de um jovem norte-americano das Brigadas Internacionais que recebe a missão de explodir uma ponte durante um ataque à cidade de Segóvia.
Escritor francês Louis Aragon em frente a cartaz da causa republicana
Seu título faz alusão a um poema de 1624 do inglês John Donne: " [...] a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti".
Em Por quem os sinos dobram, Hemingway procurou relatar o absurdo da guerra travada entre irmãos. Embora criticado por reduzir o conflito a uma história de amor cinematográfica, o livro é, além de crônica fiel dos fatos históricos, um relato das diferenças ideológicas dos próprios republicanos, o que também levou à perda da guerra.
Desilusão com ideias comunistas
Para o escritor norte-americano John dos Passos, a Espanha do começo do século 20 era "a clássica pátria dos anarquistas". Em 1937, Dos Passos retornou ao país para trabalhar no documentário Terra Espanhola, do holandês Joris Ivens. O assassinato de um amigo vítima da perseguição stalinista por parte de republicanos comunistas fez com que Dos Passos se afastasse da Europa e da esquerda.
Em Homenagem à Catalunha (1938), George Orwell denunciou o apoio soviético aos republicanos comunistas em detrimento dos anarquistas revolucionários, que a partir do final de 1936 passaram a não mais receber armas da União Soviética. Uma revolução na Espanha não estava nos planos de Stalin, cuja doutrina substituíra a política da "revolução permanente" pela teoria do "socialismo em um só país".
No seu livro, George Orwell escreveu que o tempo que passou na frente espanhola ao lado dos milicianos anarquistas "ensinou-me coisas que de outra forma nunca teria aprendido". Sua desilusão com as ideias comunistas gerou obras como A Revolução dos Bichos (1945) e 1984 (1949) e é fruto, muito provavelmente, desse aprendizado.
A morte de um miliciano
Foto de Capa correu o mundo
Assim como em guerras anteriores, a cobertura jornalística da Guerra Civil Espanhola não foi marcada pela objetividade. Assumir posições fazia parte da atuação profissional.
Para contornar o problema, o jornal New York Times enviou, por exemplo, dois correspondentes – um católico franquista e outro do lado dos republicanos. Ao leitor, nada mais restava do que acreditar na cobertura que mais lhe aprouvesse.
Entre os fotógrafos dessa cobertura, estavam o húngaro Robert Capa e sua esposa, a fotógrafa alemã e anarquista Gerda Taro, que morreu no conflito em 1937. Taro é considerada a primeira fotojornalista da história.
Capa foi responsável por uma das imagens mais marcantes da cobertura de guerra. A foto A morte de um miliciano foi publicada pela primeira vez em setembro de 1936 pela revista francesa Vu. Em julho do ano seguinte, foi a vez da renomada Life mostrar o exato momento da queda de um soldado republicano, morto com um tiro na cabeça próximo à cidade de Córdoba.
Pavilhão da República Espanhola
Pavilhão Espanhol (reconstrução) da exposição de 1937
Artistas como Pablo Picasso e Joan Miró já se encontravam em Paris quando o conflito estourou. Foi lá que em maio de 1937, em plena guerra civil, o governo republicano inaugurou o Pavilhão Espanhol da Exposição Internacional de Paris. A execução de um pavilhão, em meio às dificuldades trazidas pela guerra e dos poucos recursos disponíveis, só poderia ser explicada pela força simbólica do pavilhão modernista projetado pelo arquiteto catalão Josep Lluís Sert. O Pavilhão da República Espanhola serviria de propaganda para um país que lutava contra o fascismo.
Como se estivessem na frente de batalha, artistas espanhóis e estrangeiros não hesitaram em atender ao pedido de participação. A escultura de 18 metros de altura do artista Alberto Sánchez, O povo espanhol tem um caminho que conduz a uma estrela (1937), marcava a frente do pavilhão. No saguão de entrada, foi exposto pela primeira vez o quadro Guernica (1937), painel em preto-e-branco pintado por Pablo Picasso, denunciando o bombardeio da cidade homônima por aviões nazistas.
'Fonte de mercúrio' de Alexander Calder
Em frente ao painel, estava A fonte de mercúrio (1936), do escultor americano Alexander Calder. Na parede da escadaria para o segundo pavimento, Juan Miró pintou a obra monumental O camponês catalão na revolução. Os vidros da fachada do edifício estavam encobertos com dizeres e fotos da causa republicana. A programação cinematográfica ficou a cargo de Luis Buñuel. A exposição também prestou homenagem ao poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca, uma das primeiras vítimas da guerra, assassinado em 1936 por simpatizantes de Franco.
Nas artes plásticas, todavia, a maior influência da Guerra Civil Espanhola foi a enorme perda causada à cultura espanhola, fruto do exílio de vários artistas em outros países ou do desterro de outros como José Manaut, que após a guerra civil ficou confinado em uma pequena cidade do norte de Espanha.

A guerra


Guerra Civil Espanhola foi o acontecimento mais dramático que ocorrido antes da Segunda Guerra Mundial, mais exatamente no ano de 1936 até 1939. Nela estavam contidos todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX.
Nesse conflito de um lado estavam posicionadas as forças nacionalistas e fascistas aliadas a instituições tradicionais da Espanha, dentre elas o Exército, a Igreja e os Lati fundiários (grandes proprietários de terra). Do outro lado da moeda estava contido a Frente Popular que era a base do Governo Republicano Espanhol, representados pelos sindicatos, partidos de esquerda e os partidários da democracia.
Para o primeiro grupo mencionado o conflito se serviria para livrar o país da influencia comunista restabelecendo assim os valores da Espanha tradicional, ou seja o autoritarismo e o catolicismo. Para isso acontecer era preciso acabar com a República que havia sido proclamada em 1931 com a queda da monarquia.
Já para o segundo grupo citado acima era preciso dar um basta em todo esse avanço das forças fascistas que já havia conquistado toda a Itália (em 1922), toda Alemanha (em 1933) e toda a Áustria (em 1934).
Segundo as decisões da Internacional Comunista de 1935, elas deveriam se aproximar de partidos democráticos de classe média para que sejam formados uma Frente Popular que teria como função enfrentar todo esse sucesso nazi-fascista. Assim, socialistas, comunistas, anarquistas e democratas liberais deveriam se unir para tentar barrar o avanço nazi-fascista.
Com a grave crise econômica da década de 30, que foi iniciada pela quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, a ditadura do General Primo de Rivera foi derrubada e em seguida caiu também a Monarquia. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamaram a Republica em 1931, que é conhecida como Republica de Ta bajadores. A partir disso a esperança era que a Espanha seguisse o caminho das outras nações ocidentais fazendo uma reforma que separasse o Estado da Igreja, que aceitassem o pluri partidarismo, além da liberdade de expressão e organização sindical. Mas nada disso aconteceu, o País conheceu assim um violento enfrentamento de classes seguida por uma grande depressão econômica, gerando uma grande frustração generalizada na sociedade espanhola.
O clima de turbulência foi motivado pela intensificação da luta de classes, principalmente entre anarquistas e direitistas que provocou inúmeros assassinatos políticos o que contribuiu para criar uma situação de instabilidade que afetou o prestígio da frente popular.
Com isso direita estava entusiasmada com o sucesso de Hitler que se somou ao golpe direitista de Dolfuss na Áustria em 1934. Apesar de terem perdidos as eleições os direitistas começaram a conspirar contra o governo recebendo o apoio de militares e dos regimes fascistas (de Portugal, Alemanha, e Itália). Acreditavam que esse apoio dos militares derrubariam facilmente a Republica. No dia 18 de julho de 1936 o General Francisco Franco insurge o exercito contra o governo Republicano. Ocorre é que nas principais cidades como Madri e Barcelona o povo saiu as ruas e impediu o sucesso do golpe. Com isso milicias anarquistas e socialistas foram até então formadas para resistir ao golpe militar.
O país então em pouco tempo ficou completamente dividido em áreas nacionalistas, dominados pelas forças do General Franco e em áreas republicanas, controladas pelos esquerdistas. Nas áreas republicanas houve uma revolução social, terras foram coletivizadas, as fábricas foram dominadas pelos sindicatos, assim como o meio de comunicação.
Porém a superioridade militar do General Franco imposta sob as direitas foi o fator decisivo na vitoria dele sob a República. Em 1938 suas forças cortaram a Espanha em duas partes, isolando assim a Catalunha do resto do pais.
As baixas da Guerra Civil Espanhola oscilam entre 330 e 405 mil mortos, meio milhão de prédios foram destruídos, metade do gado Espanhol foi morto, além disso a renda per capita reduziu em 30% e fez com que a Espanha afundasse numa estagnação econômica que se prolongou por quase 30 

Imagens da Guerra Civil Espanhola







Guerra Civil Espanhola



O que foi ?
A Guerra Civil Espanhola foi um conflito armado ocorrido na Espanha entre os anos de 1936 e 1939.
Grupos que atuaram
Para entender a Guerra Civil Espanhola é importante conhecermos as forças politicas que atuavam e disputavam o poder na Espanha momentos antes do conflito e quais eram seus objetivos.
- Falangistas
De tendência fascista e comandados pelo general Francisco Franco, tinham como objetivo eliminar o crescente movimento comunista na Espanha. Tiveram o apoio dos setores tradicionais e conservadores da sociedade espanhola (Igreja, Exército e grandes proprietários rurais). Contam também com a ajuda militar da Alemanha nazista e da Itália fascista. Tinham por objetivo a implantação de um governo autoritário.
- Frente Popular
De tendência esquerdista, contavam com o apoio dos sindicatos, partidos políticos de esquerda e defensores da democracia. Queriam combater o nazi-fascismo, que estava crescendo na Espanha e outros países da Europa. Defendiam o Governo Republicano e tiveram o apoio externo da União Soviética.
Golpe de Estado e início da guerra
O clima político e social na Espanha na primeira metade da década de 1930 era tenso e recheado de conflitos entre esquerdistas e nacionalistas. Mas a guerra teve inicio quando em 18 de julho de 1936, o general Francisco Franco comandou o exército espanhol num golpe de estado contra o governo democrático e legal da Segunda República Espanhola. Porém, o golpe não foi bem sucedido e a Espanha ficou dividida entre falangistas e republicanos. A guerra civil provocou milhares de mortos e muita destruição. Perseguições e execuções eram frequentes e patrocinadas por ambos os lados.
Intervenção estrangeira
Os falangistas conseguiram apoio militar dos regimes fascistas da Alemanha e Itália, que estavam interessados em implantar um regime fascista na Espanha e combater o crescimento do movimento socialista no país. Já os republicanos contaram com o envio de armas e equipamentos bélicos da União Soviética.
Bombardeio a Guernica
Um dos episódios mais cruéis da guerra civil foi o bombardeio a cidade de Guernica, patrocinado por aviões de guerra da Alemanha e Itália. O bombardeio ocorreu em 26 de abril de 1937 e matou cerca de 125 civis espanhóis. O painel intitulado Guernica, pintado por Pablo Picasso, mostra a crueldade do ataque aéreo sobre os civis da cidade espanhola. 
Como terminou
Após quase três anos de conflito bélico a Guerra Civil Espanhola, considerada uma das mais violentas e cruéis da história, terminou com a vitória dos falangistas que conseguiram derrubar o Governo Republicano do poder. Francisco Franco assumiu o poder em abril de 1939, implantando um regime ditatorial de direita na Espanha.
Saldo da Guerra Civil Espanhola:
- Cerca de 400 mil mortos;
- Destruição de prédios, igrejas e casas em várias cidades;
- Destruição no campo com prejuízos para agricultura e pecuária;
- Diminuição de cerca de 30% da renda dos espanhóis;
- Forte crise econômica na Espanha, que perdurou por vários anos.